Um novo olhar sobre a casa causado pela pandemia, juros baixos e a super alta do dólar provocaram um aquecimento geral do mercado imobiliário, um dos poucos que conseguiu crescer apesar da crise, principalmente no setor de imóveis de alto padrão e de luxo.

"A pandemia mudou o olhar das pessoas para o espaço onde habitam. Com esse tempo que as pessoas se deram e foram obrigadas a ter para vivenciar a casa, houve uma mudança no comportamento em relação às necessidades da vida em todos os aspectos", explica o arquiteto Thales Zago.

De acordo com o personal broker Fabio Zarzana, durante a pandemia, três grandes motivos fizeram com que o investimento em imóveis de luxo se destacasse: a necessidade de mais espaço dentro de casa, as fronteiras fechadas, a impossibilidade de viajar e a queda dos juros. As vendas em 2020 apresentaram um crescimento de quase 230% acima de 2019; em 2021, a expansão, no primeiro trimestre, foi de 247% em comparação com o mesmo período de 2020.

Contudo, Zarzana conta que a procura pelas casas com terrenos grandes e com possibilidades de reforma para atender às novas demandas já dá sinais de acomodação."Não diminuíram os interessados, mas o cliente atual começa a retomar um perfil mais consciencioso, no que diz respeito a fazer de fato grandes negócios. O interesse permanece aquecido, mas o senso negocial já começa a reocupar seu lugar de hábito na decisão de compra dos milionários. Eles dizem quererem a casa grande! O Home, o lazer, o espaço! Mas querem, sobretudo, fazer um negócio patrimonial lucrativo", completa o especialista.

Os resultados apurados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) identificaram um aumento nos lançamentos de 114,6% no segundo trimestre, foram 60.322 unidades. As vendas superaram a oferta atingindo 65.975 imóveis novos, uma expansão de 60,7% em relação ao período anterior.

Segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), a melhora nas negociações de imóveis de médio e alto padrão garantiram ao mercado de incorporação o melhor resultado em 2020 nas vendas desde maio de 2014. O setor registrou um crescimento de 32% em 2021 nas vendas de imóveis de luxo. Além disso, há uma projeção de alta de 20% até 2023, apontam estudos feitos pelo Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra e Venda de Imóveis de São Paulo).

"No nosso mercado de arquitetura e design de interiores houve uma demanda grande durante a pandemia exatamente nessa busca por imóveis que se adequassem à nova realidade do morador", indica Zago. Segundo o profissional, houve ainda famílias que decidiram ter uma segunda casa, que saíram de apartamentos para residências em condomínios, para lugares melhores, e até aqueles que preferiram casas mais intimistas no lugar de espaços grandiosos e sem aconchego."Esse processo fez com que o mercado se aquecesse e vimos um grande avanço na qualidade de vida", finaliza o arquiteto.

Fonte: Casa e Jardim