O IGP-M (Índice Geral de Preços Mercado), conhecido também como a inflação dos aluguéis, subiu 0,02% em novembro, chegando a 17,89% em 12 meses, informou nesta segunda-feira (29) a FGV (Fundação Getulio Vargas).

Com o resultado deste mês, o índice soma seis meses em desaceleração, após atingir um pico em maio, quando chegou a 37,04% em 12 meses, o maior da série histórica do Ibre (Instituto Brasileiro de Economia) da FGV. Em outubro, o IGP-M registrou variação de 0,64% e ficou em 21,73% no período de um ano.

Em novembro, segundo a FGV, o resultado foi influenciado prinicipalmente pela queda nos preços de produtos no atacado, o que ajudou a conter o efeito da alta nos combustíveis, como diesel e gasolina.

Para quem tem o contrato de aluguel corrigido pelo IGP-M, a variação acumulada até novembro será aplicada àqueles com aniversário em dezembro. Portanto, se os proprietários decidirem aplicar integralmente o índice, um aluguel de R$ 3.000 passará a ser R$ 3.536,70 em janeiro.

Mesmo com a previsão de correção pelo índice, os donos de imóveis não são obrigados a corrigir integralmente os valores de locação.

Desde o ano passado, quando a variação do IGP-M disparou em meio à crise econômica decorrente da pandemia, administradores de imóveis relatam aumento no número de negociações entre locadores e locatórios.

A partir deste ano, a distância pelo o IGP-M e a inflação oficial (o IPCA) vem diminuindo porque, de um lado, o índice dos aluguéis vem desacelerando, ao mesmo tempo em que o indicador oficial de preços está subindo. Em 12 meses até outubro, o IPCA ficou em 10,67%.

A disparada do IGP-M ocorreu prinicipalmente por conta do aumento de preços de produtos dolarizados, como é o caso das commodities, e que acabam tendo pouca relação com o mercado imobiliário, o que levou a inúmeros questionamentos quanto à racionalidade de usar o índice para recompor os aluguéis.

O maior peso na composição do IGP-M é um índice de inflação dos produtos ao produtor, que mede a variação dos preços no atacado. Nos 12 meses até novembro, ele acumula alta de 20,51%. Esse índice, o IPA, corresponde a 60% do IGP-M.

Em novembro, o IPA ficou negativo em 0,29%, graças à queda de preços das matérias-primas brutas (-4,84%), grupo de despesas que inclui as principais commodities exportadas pelo Brasil, como é o caso de minério de ferro (queda de 15,15% em novembro) e soja em grão (-2,85%).

André Braz, coordenador de índices de preços do Ibre, destaca também a variação do milho (-5%). A queda de preços desses produtos favoreceu a manutenção da inflação ao produtor em terreno negativo, segundo ele, apesar da alta dos combustíveis. O diesel subiu 9,96% e a gasolina, 10,17%.

O IGP-M ainda tem outras duas partes. O IPC (Índice de Preços ao Consumidor) tem estrutura similar ao IPCA (que é calculado pelo IBGE), e o INCC (Índice Nacional de Custos da Construção).

O primeiro responde por 30% da inflação do aluguel e acumula alta de 9,73% até novembro. No IPC, os combustíveis também foram as prinicipais altas em novembro. A gasolina subiu 7,14%, o etanol, 9,15%, e o botijão de gás, 2,75%.

Já o índice da construção equivale a apenas 10% do IGP-M e está em 14,69% em 12 meses. Em novembro, as prinicipais altas foram nos preços de elevadores (2,03%), condutores elétricos (4,26%) e argamassa (2,15%).

Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei quer substituir o IGP-M pelo IPCA. Desde o fim de outubro, o texto aguarda chamada na pauta de votações do parlamento.

Independentemente de legislação sobre o assunto, os inquilinos com contrato em andamento devem tentar negociar seus contratos. A lei do inquilinato prevê que contratos devem ter um índice de correção anual, mas não fixa qual é. Por isso, mesmo a correção pode ser negociada entre as partes.

Na capital paulista, novos contratos de aluguéis têm registrado valores menores do que há um ano, segundo pesquisa do SecoviSP (sindicato da habitação). Em 12 meses em outubro, a variação ficou negativa em 0,08%.

Fonte: Folha de SP