Na visão de atores relevantes do mercado imobiliário brasileiro, o acesso ao crédito é combustível para o crescimento do setor. Essa é uma das conclusões do painel que abriu a 5ª edição do Fórum Brasileiro das Incorporadoras Imobiliárias (INCORPORA), evento promovido pela ABRAINC que reuniu grandes incorporadoras e empresas do setor para debater as perspectivas, conjecturas e o papel do setor imobiliário no desenvolvimento do País.

No Hotel Unique, o painel de abertura contou com a presença de Antônio Setin, Presidente da Setin Incorporadora; José Rocha Ramos Neto, Diretor do Bradesco e presidente da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) e o Presidente da B3, Gilson Finkelsztain; com intermediação de Luiz França, Presidente da ABRAINC.

Transformações na arquitetura

Os efeitos da pandemia na construção de imóveis foi destacado para além do custo de construção e aspectos financeiros. “Tivemos que alterar projetos repentinamente. E isso aconteceu porque as pessoas mudaram a forma como querem viver”, justifica Antônio Setin. “Nossa sala, casa e varanda se tornaram novos ambientes. E isso vai perdurar para sempre”, comenta.

Ele explica que essas mudanças se deram, principalmente, pela mudança no olhar das pessoas em relação às residências. ”Hoje, os empreendimentos priorizam o conforto. Com a ressignificação das nossas casas, as pessoas passaram a pensar mais no bem-estar das suas famílias”, afirma. “Os clientes estão mais bem informados, críticos, atentos e exigentes neste novo cenário.”

Papel do crédito no mercado imobiliário

Apesar de apontar a taxa de juros como a principal inimiga do mercado imobiliário depois do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), a Setin tem um tom otimista para o crescimento do setor nos próximos anos. “O mercado imobiliário gera muitos empregos e faz isso de forma imediata. Assim, contribuímos para que a população volte a consumir e a economia cresça.”

O tom otimista é corroborado por José Rocha Ramos Neto. Ele comenta que 2021 foi o melhor ano de crédito imobiliário no Brasil e isso demonstra a pujança do setor. “No ano passado, tivemos um recorde histórico e o volume vai se manter alto. Em 2022 teremos o segundo melhor ano de crédito imobiliário da história”, pontua.

Apesar de ter registrado o menor patamar da história em agosto de 2020 e de ter se mantido em um dígito até fevereiro deste ano, a Selic agora está em um momento de estabilidade alta, a 13,75% ao ano. Com este número, a taxa básica de juros chegou ao maior patamar desde o início de 2017. E a previsão é de que a taxa se mantenha acima dos 13% este ano.

Além disso, o INCC, mesmo tendo registrando decréscimo de 0,10% em setembro, continua acumulando alta de 8,91% ao ano e 10,89% nos últimos 12 meses. A isso se soma a redução de 93% nos recursos do programa Casa Verde e Amarela, prevista na Proposta do Orçamento de 2023.

Para contrapor esses obstáculos que devem ser superados pelo setor, o Presidente da B3, Gilson Finkelsztain, aponta que o bom acesso ao crédito é o combustível que acelera o crescimento do mercado imobiliário. “Um cenário de juros baixos pode transformar o País”, comenta.

“Estamos diante de um ambiente com muitas incertezas, mas o Brasil pode ser beneficiado ao sair disso antes dos demais. Já temos lições do que deve ser feito e de como deve ser feito para conduzir isso”, aponta. Ele acredita que 2023 promete muito para o mercado de capitais e imobiliário, independentemente de quem ganhar as eleições. “Sou otimista e acredito que o Brasil pode sair vitorioso desse momento.”

Fonte: Estadão