São Paulo (AE) - As vendas e lançamentos de imóveis residenciais no País devem ficar estáveis em 2022 frente a 2021, em termos de unidades, de acordo com projeção da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC). A expectativa é de melhora das operações dentro do programa Casa Verde e Amarela (CVA) e uma queda nos mercados de médio e alto padrão. A CBIC não detalhou as projeções por segmento.

Uma das premissas para haver estabilidade é a aprovação de uma nova curva de subsídios para o CVA, cujas operações encolheram nos últimos meses do ano passado devido às pressões de aumento de preços e perda de poder de compra da população de baixa renda.

O Casa Verde e Amarela (CVA), programa de moradia popular do governo federal, perdeu participação de mercado no ano passado. Os lançamentos e as vendas do programa habitacional foram de 41% e 45%, respectivamente, no quarto trimestre de 2021. Já um ano antes, estavam em 47% e 49%. Em termos de unidades, o CVA teve baixa de 11,1% nos lançamentos entre outubro e dezembro, caindo para 34.863 imóveis. As vendas caíram 16,6%, chegando a 29.410 unidades.

O Casa Verde e Amarela até elevou o limite máximo de preço das casas e apartamentos no passado, ajudando as construtoras a manterem projetos dentro do programa mesmo com o aumento nos preços. Mas a medida foi insuficiente para sustentar a demanda. "Por mais que tenham adequado os preços do CVA, tivemos mais lançamentos, porém menos vendas. Consequentemente, houve um aumento da oferta final (estoque)", apontou Celso Petrucci.

"Se acontecer oajuste na curva de subsídios, então deveremos ter ano de estabilidade no número de unidades comercializadas no País", estimou o presidente da CBIC, Celso Petrucci. "Se tivermos o ajuste, acredito que as operações do Casa Verde e Amarela devem subir substancialmente e compensar as demais operações do mercado imobiliário", complementou.

Embora não tenha detalhado a perspectiva de desempenho por segmento, Petrucci citou que a visão da CBIC está em linha com a projeção divulgada pelos bancos que concedem financiamento imobiliário. No último mês, a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip) estimou alta de 30% no crédito via Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), que abastece o Casa Verde e Amarela. E para os financiamentos via funding da caderneta de poupança, que atende imóveis de médio e alto padrão a previsão é de baixa de 5% - impactada principalmente pelos juros mais altos.

Balanço

Dados da CBIC mostram que o mercado imobiliário nacional teve alta de lançamentos e vendas no ano passado, mas entrou em trajetória de queda nos últimos meses de 2021. Os lançamentos avançaram 25,9% em 2021 em relação ao ano anterior, chegando a 265.678 unidades. No mesmo período, as vendas cresceram 12,8%, para 261.443 unidades.

Já no quarto trimestre de 2021, houve uma deterioração de cenário. Os lançamentos tiveram uma leve alta de 1,9% em relação ao mesmo intervalo de 2020, para 85.011 unidades. Já as vendas encolheram 9,7%, para 65.232 unidades. O estoque de imóveis residenciais novos (na planta, em obras e recém-construídos) aumentou 3,8% em 2021 ante 2020, para 232.566 unidades.

O presidente da CBIC explicou que os custos de produção, especialmente de materiais de construção, subiram muito, forçando as empresas a aumentar os preços de venda de casas e apartamentos. O problema é que os novos preços já não cabem mais no bolso dos compradores.

"Há um ano e meio, já vínhamos alertando sobre o aumento absurdo no preço dos insumos. Hoje, nós deixamos de vender porque as pessoas não têm capacidade de comprar", disse Petrucci. Segundo a pesquisa da CBIC, o preço médio dos imóveis residenciais subiu 10,38% em 2021, ficando abaixo do Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), de 13,85%.

Fonte: Tribuna do Norte