Sempre visto como uma das principais engrenagens da economia brasileira, o mercado imobiliário se manteve no estágio de “transformar para reemergir”, conforme um estudo conduzido pela KPMG que analisou os padrões de retomada dos 40 principais setores da economia. Ainda de acordo com a KPMG, esse status indica que o setor tende a se reestruturar e se recuperar após a crise causada pela pandemia da Covid-19.

Uma outra pesquisa, essa realizada pelo Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi-SP), mostra que mesmo diante da 2º onda de casos de Covid-19 no primeiro semestre de 2021, a capital paulista registrou a venda de 47 mil novos imóveis.

Esse panorama do momento do setor abordado pela KPMG, e validado pelo Secovi-SP, faz muito sentido. Afinal, o mercado imobiliário passa por verdadeiras transformações e se reinventa de forma constante para emergir e voltar a crescer exponencialmente no pós-pandemia.

Um dos principais pilares que devem auxiliar nessa retomada do mercado imobiliário é a transformação digital, algo natural que já vem acontecendo em todos os setores econômicos do país. Para se ter uma ideia do quanto a digitalização dos negócios está impactando o mercado imobiliário, nos últimos cinco anos houve um crescimento de 235% de startups com atuação neste mercado, conforme aponta uma pesquisa da Terracotta Ventures.

Economia Digital

Ao voltar os olhares para as transformações que a tecnologia proporciona, o mercado imobiliário se viu com um leque de alternativas para aplicação dessas inovações, inovando nos seus lançamentos e até mesmo na captação de investimentos para tirar os projetos do papel.

Essa gama de possibilidades abertas no ramo de imóveis acabou impactando também outros setores da economia, em especial um: o mercado de investimentos. Esta reação do setor imobiliário no mercado de investimentos acontece devido ao alinhamento do setor com a economia digital.

Nesta nova realidade econômica, as construtoras e incorporadoras puderam sair de uma situação em que eram “reféns” dos bancos e de grandes investidores como únicas alternativas na busca de se conseguir investimentos para, assim, conseguir executar seus empreendimentos.

A nova economia ainda traz para a realidade do mercado imobiliário um ecossistema muito conhecido atualmente: os investimentos coletivos.

Entre as alternativas de investimento coletivo, a economia digital conta com o Peer-to-Peer (P2P) Lending, que nada mais é que a ação de emprestar dinheiro para uma pessoa ou empresa, e que deve movimentar mais de US$ 578 bilhões em todo o mundo até 2028.

Graças à internet, o mercado disponibiliza é possível encontrar as mais variadas plataformas P2P Lending do mercado imobiliário, que operam dentro da renda fixa, mas com vantagens quando comparado os rendimentos do P2P com os tradicionais CDB, Tesouro Selic ou Poupança.

As plataformas P2P Lending são caminhos mais democráticos, que possibilitam aos investidores aportar um montante de seu capital em empreendimentos imobiliários já tendo conhecimento de quanto terão de rentabilidade e dentro de um prazo pré-fixado em contrato. Em muitas oportunidades, os retornos podem superar rendimentos de 17% ao ano.

No entanto, o P2P também permite vantagem para as incorporadoras, pois possibilita que elas acabem arcando com uma taxa de juros menor do que as que são cobradas pelos aos bancos. No final, esta modalidade do investimento coletivo permite que investidores e construtoras saiam do negócio com ganhos, além de fortalecer ainda mais o conceito de nova economia.

Mas quais são os benefícios?

A boa funcionalidade do P2P Lending Imobiliário traz benefícios para o mercado de investimentos, construção civil e economia brasileira de forma geral. Pois dessa forma, os investidores passaram a contar com mais alternativas de investimentos e que possibilitam ganhos mais atraentes que os demais investimentos da forma convencional.

Além disso, o P2P lending também é visto com bons olhos por contar com uma taxa de retorno mais lucrativa na percepção dos investidores. Mas este modelo de investimento também é benéfico para a economia do país, pois assegura que empreendimentos saiam do papel para a prática, refletindo na geração de empregos e renda para trabalhadores da construção civil.

O que sabemos é que vivemos uma nova era e o mercado imobiliário acompanha este novo cenário se reinventando com a tecnologia como aliada. A boa utilização da economia digital é perceptível diante da criação de novos produtos de investimentos com características mais benéficas, com menos burocracia e maior acessibilidade a todos, contemplando desde o investidor qualificado até a pessoa física. Mercado imobiliário e economia digital é a combinação que faz com que todos saiam ganhando.

Paulo Deitos é cofundador da CapRate, foi diretor da ABFintechs e da Alianza Fintech Iberoamericana no México.

Fonte: Monitor Mercantil