Na contramão dos principais índices de inflação do Brasil, que têm recuado nos últimos meses devido à redução nos preços dos combustíveis, o mercado imobiliário segue aquecido e vê os preços dos aluguéis residenciais atingirem o maior crescimento em mais de uma década.
O índice FipeZap+ de locação residencial subiu 1,30% em agosto e já acumula alta de 12,42% no ano e de 15,31% nos últimos 12 meses. Foi o quinto mês consecutivo de alta acima de 1 ponto percentual, após valores ainda maiores em abril (+1,84%), maio (+1,70%), junho (+1,58%) e julho (+1,37%).
Faltando menos de 4 meses até o fim do ano, os 12,42% de inflação nos preços dos aluguéis já superam os de todos os anos “cheios” da última década. Desde o início da série histórica do indicador, em 2009, a forte alta só não supera os anos de 2010 (+18,56%) e 2011 (+17,30%).
Além disso, desde 2014 o indicador não fica acima dos 5% no acumulado do ano e durante esse período ele inclusive ficou no negativo (ou seja, houve deflação) por três anos consecutivos: 2015, 2016 e 2017 (veja na tabela abaixo).
Ano |
2009 |
2010 |
2011 |
2012 |
2013 |
2014 |
2015 |
2016 |
2017 |
2018 |
2019 |
2020 |
2021 |
2022* |
Aluguel residencial (FipeZap+) |
9,46% |
18,56% |
17,30% |
10,58% |
7,86% |
2,83% |
-3,34% |
-3,23% |
-0,69% |
2,33% |
4,93% |
2,48% |
3,87% |
12,42% |
IPCA (IBGE) |
4,31% |
5,91% |
6,50% |
5,84% |
5,91% |
6,41% |
10,67% |
6,29% |
2,95% |
3,75% |
4,31% |
4,52% |
10,06% |
4,39% |
IGP-M (FGV) |
-1,72% |
11,32% |
5,10% |
7,82% |
5,51% |
3,69% |
10,54% |
7,17% |
-0,52% |
7,54% |
3,70% |
27,42% |
17,78% |
7,63% |
A alta dos preços dos aluguéis residenciais é tão forte neste ano que já é quase o triplo do índice oficial de inflação do país (o IPCA sobe 4,39% no acumulado até agosto) e quase o dobro do IGP-M (7,36%). O indicador também supera os dois índices no acumulado em 12 meses (15,31%, contra 8,73% e 8,59%).
Florianópolis lidera altas
O índice FipeZAP+ de locação residencial é calculado mensalmente, com base em dados de 25 cidades brasileiras, e Florianópolis lidera as altas entre as capitais, tanto no acumulado do ano (+24,24%) quanto em 12 meses (+31,85%).
Já Goiânia e Fortaleza se alternam no top 3, com a capital goianiense ficando em segundo lugar neste ano (+23,60%, contra +21,39% da capital do Ceará), mas em terceiro no acumulado em 12 meses (+25,68% contra +28,01%). Mas, apesar das fortes altas, as duas cidades estão entre as capitais mais baratas do país (veja mais abaixo).
Curitiba e Belo Horizonte completam o top 5 de maiores altas, tanto em 2022 quanto na comparação anual (+17,58% e +23,85% no caso da capital paranaense e +15,59% e +19,51% no caso da mineira).
Já nas duas maiores cidades do país, o crescimento no preço dos aluguéis residenciais foi de 13,73% no ano e 16,36% em 12 meses no Rio de Janeiro e de 10,91% e de 12,53% São Paulo — números próximos aos verificados por um outro índice de aluguéis, o do QuintoAndar.
Preço médio de locação
O FipeZap diz que o preço médio do aluguel de imóveis residenciais foi de R$ 35,37/m² em agosto nas 25 cidades monitoradas. O maior preço médio foi registrado em Barueri, na Grande São Paulo (R$ 46,65/m²) e o menor, em Pelotas, no Rio Grande do Sul (R$ 15,50/m²).
Se consideradas apenas as 11 capitais pesquisadas, São Paulo tem o maior preço médio (R$ 44,03/m²), seguida por Recife (R$ 40,40/m²), Florianópolis (R$ 36,93/m²), Rio de Janeiro (R$ 36,44/m²) e Brasília (R$ 36,04/m²).
Já as capitais com o menor valor de locação residencial são Fortaleza (R$ 23,06/m²) e Goiânia (R$ 24,26/m²) — que estão entre as maiores altas no acumulado do ano e em 12 meses —, além de Porto Alegre (R$ 26,15/m²) e Curitiba (R$ 27,98/m²).
Fonte: InfoMoney